
DIVERTICULOTOMIA DE ZENKER
O que é a Diverticulotomia de Zenker?
A diverticulotomia de Zenker consiste num tratamento endoscópico para um distúrbio anatômico que se manifesta sob a forma de um divertículo de Zenker. Trata-se de uma doença rara, de natureza adquirida e geralmente afeta pessoas mais velhas. De forma simplificada, forma-se de maneira gradual uma “bolsa” na parede posterior da passagem da faringe (órgão entre a boca e o esófago, situado na garganta) para o esófago. Esta “bolsa” ou divertículo provoca um desvio de parte dos alimentos do seu percurso normal em direção ao esófago, causando assim uma dificuldade na deglutição (o ato de engolir), ou seja, disfagia. Quando os alimentos se acumulam no divertículo causam a sensação de se ter um corpo estranho na garganta, o que leva o doente a efetuar manobras para os desalojar, seja com movimentos do pescoço seja por compressões manuais externas. Ocasionalmente, também pode apresentar tosse e engasgamento. Quando esta acumulação se prolonga no tempo pode também causar mau cheiro, mau hálito designado por halitose. Em situações extremas e continuadas de perturbação do ato alimentar pode ocorrer perda de peso.
O diagnóstico do divertículo de Zenker pode ser suspeitado pelas queixas do doente e confirmado por exames de radiografia (REED) ou por Endoscopia Digestiva Alta (EDA).
O tratamento clássico desta doença é cirúrgico, implicando uma incisão lateral do pescoço seguida do simples encerramento da comunicação entre o divertículo e a faringe ou, em alternativa, a remoção completa do divertículo. Embora seja eficaz, é uma abordagem que se associa a uma taxa significativa de complicações, exige algum tempo de recuperação e não é isenta de mortalidade. Em alternativa, o tratamento endoscópico evita incisões externas e permitem uma recuperação muito mais rápida, com eficácia semelhante, muito menor taxa de complicações e diminuta probabilidade de mortalidade.
O tratamento consiste em cortar os tecidos que formam uma divisória ou separação (chamada septo) entre o divertículo e o esófago, permitindo deste modo que os alimentos caso entrem no divertículo fluam de imediato e sem obstáculos para o esófago.
O resultado esperado do tratamento endoscópico é a resolução das queixas, podendo em alguns casos haver melhoria franca mas com persistência de alguns sintomas muito mais ligeiros e suportáveis. Alguns doentes podem sofrer uma recaída.
Como deve ser o preparo para o tratamento cirurgico?
A preparação é em tudo semelhante à da Endoscopia Digestiva Alta, embora possa ser necessário fazer um jejum mais prolongado ou uma dieta líquida na véspera para evitar que o divertículo de Zenker esteja cheio de alimentos no dia do exame. Por norma, este tratamento é efetuado sob anestesia geral.
Quais complicações podem ocorrer?
As complicações são relativamente raras e geralmente passíveis de ser resolvidas por tratamento não cirúrgico. A complicação mais temida é a perfuração que pode causar um processo inflamatório e infecioso nos tecidos do pescoço e do mediastino. Ocorre muito raramente e exige uma pausa alimentar mais prolongada e antibióticos endovenosos. A hemorragia é outra complicação possível, rara, podendo necessitar de tratamento endoscópico que geralmente resolve a situação. A complicação mais frequente, embora ainda assim rara, é o aparecimento de uma dor cervical ou torácica, mais forte que a dor ligeira ou desconforto habituais após o tratamento, e que necessita de analgesia mais intensa e prolongada.
Quais recomendações no pós operatorio?
Recomenda-se habitualmente um período de internamento curto, de 1 ou 2 dias, até retomar a alimentação de alimentos pastosos.
